O casamento pode parecer para alguns um desafio, muitas vezes um problema; para outros pode representar uma oportunidade de aprender a conviver através de uma experiência transformadora.
No entanto o casamento nem sempre é considerado a melhor opção para todas as pessoas, pois algumas decidem viverem sozinhas, seja por motivos internos e/ou externos.
Existem também as que preferem a privacidade dos seus lares, e apesar de uma convivência íntima com o parceiro bem semelhante ao casamento formal, moram em casas separadas.
Outras acham importante o chamado “test drive”, morar juntos antes de se casarem formalmente, a fim de verificarem se a escolha do parceiro foi adequada.
A escolha de um parceiro ou parceira pode ocorrer por vários motivos como a atração e a idealização.
Em alguns casos a decisão de se casar pode significar a fuga de um problema, como por exemplo deixar de ser dependente dos pais; em outros casos se casar pode significar a busca de soluções e respostas, como tornar–se independente, ter vida própria com liberdade e realização.
Às vezes se casar pode ser uma decisão a partir de uma gravidez não planejada, ou para evitar a solidão ou ainda para poder estar junto a sua “alma gêmea”.
De início a vida a dois pode ser representada por um pequeno círculo que envolve duas pessoas enamoradas, depois vão surgindo subgrupos que englobam cada um ou os dois como as respectivas famílias, amigos, colegas de trabalho e posteriormente se o casal tem filhos, cria-se um novo tipo de grupo familiar...
Com toda a complexidade do relacionamento amoroso, pode-se inferir que há diferentes tipos de pessoas e vários tipos de casamentos ou seja diversas formas de se relacionar no casamento.
DIFERENÇAS X CARACTERÍSTICAS DE AMBOS OS SEXOS
As diferenças entre homens e mulheres, como no papel social, no comportamento, na fisiologia, nas crenças e nos valores, podem afetar diretamente o relacionamento conjulgal.
Podemos citar algumas das principais caracteristicas de ambos os sexos: as mulheres de um modo geral são consideradas mais “emotivas”, com atributos como percepção, intuição, imaginação, sensibilidade, enquanto que os homens são considerados mais objetivos, racionais, mais “focados”.
No amor para o homem, o aspecto físico aparece em primeiro plano de modo imediato, para depois vir a ser despertada a sua sensilibilidade.
Na mulher o aspecto afetivo-emocional demonstra-se aparecer em primeiro plano.
Na vida sexual também notamos diferenças: para o homem o “gatilho”, ou seja o primeiro estímulo está no visual, enquanto que na mulher este se apresenta geralmente através da audição e no tato.
Além das diferenças fisiológicas e psicológicas existem as sócio-culturais, pois normalmente a sociedade impõe regras que também reforçam esta forma de ser e estar no mundo, através de rótulos do tipo: “o homem é racional a mulher é emocional” , “o homem é dominador e a mulher é submissa”, “homem não chora”, “a mulher é maternal”, “mulher tem que ser delicada, cuidar do marido, dos filhos e da casa”, etc...
Na infância, a maioria das meninas são estimuladas a serem assim ao receberem bonecas, ao brincar de casinha; os meninos por outro lado recebem carrinhos, jogos e brincam de lutas e competições.
A mulher é incentivada a casar-se virgem, enquanto aos homens é permitido socialmente iniciarem a vida sexual antes do casamento.
Essas regras sociais têm se tornado mais flexíveis, no entanto alguns homens e mulheres pensam e agem dentro de padrões rígidos limitantes, ou extremamente liberais, muitas vezes guiados pela pressão ou aprovação social do contexto em que vivem.
Cabe ressaltar aqui que antes de mais nada, tanto o homem como a mulher são seres humanos, capazes de serem racionais e emotivos, em detrimento das diferenças fisiológicas, socio-culturais, psicológicas, que não sejam preconceituosas, nem limitantes, no sentido de que cada um possa ser respeitado por suas caracteristicas como seres únicos e indivisíveis.
CRISES , SEPARAÇÕES E RECONCILIAÇÕESQuem nunca viveu uma crise no casamento ou no relacionamento a dois?
As crises podem nos mostrar o que não está indo bem na relação ou em nós mesmos, e talvez possam ser uma oportunidade para transformar a relação ou a nós mesmos.
A vida passa, mudanças ocorrem dentro e fora das pessoas , e cada vez mais rápido.
Aquela paixão inicial do casal, muitas vezes se desvanece, as discussões se tornam constantes, agressões, mágoas mal resolvidas, traições, ou mesmo quando os objetivos de cada um se tornam diametralmente opostos.... enfim a situação acaba fugindo do controle.
Quando as crises não são superadas, a separação pode ser inevitável, porém se separar nem sempre é um problema, pode ser uma solução: a libertação de uma situação limitante, constrangedora, infeliz.
Mas antes de tomar esta decisão é indicado realizar uma profunda avaliação, uma análise para que o casal não aja por impulso, mas de forma amadurecida.
Principalmente quando envolvem filhos, pois o casal manterá um vínculo mesmo depois de separados, sendo essencial que se preparem para este novo modo de se relacionar.
Existem também as separações que são seguidas de reconcialiações, onde os parceiros parecem redescobrir o valor da relação, e querem resgatá-la imediatamente.
Neste caso o indicado é a reavaliação da postura de cada um no relacionamento, para assim “recomeçar”.
A METÁFORA DO CASAMENTO-EMPRESA
O casamento pode ser comparado a uma empresa, principalmente para os executivos, sendo que o ideal seria a "liderança situacional", onde em cada situação um dos dois lidera, assim o casal aprende a desenvolver o “poder compartilhado”.
A “fidelização dos clientes” no casamento envolve ações diárias, como palavras e atitudes de afeto, admiração, respeito e consideração. Além disso, cada um pode verificar o grau de satisfação do seu cliente interno: o cônjuge; e dos clientes externos: pessoas que convivem com o casal.
A convivência do casal é refletida em todas as outras relações, principalmente com os filhos.
Deste modo são indicadas: reuniões periódicas, administração do tempo, planejamento estratégico para o lazer, as compras do supermercado, a vida sexual, o passeio com os filhos, vida social, habitos saudáveis, vida financeira, a nova lua de mel, as férias de final de ano.
Não podemos esquecer da importância da valorização do capital humano, onde o compartilhamento de conhecimento e informações seja uma constante troca atráves do diálogo. Nesta ótica o casal desenvolve metas, como por exemplo “melhorar o modo como nos comunicamos”, estabelecendo o modo como cada um pode colaborar e se comprometer: “o que podemos fazer e como vamos fazer.”
SE COLOCAR NO LUGAR DO OUTRO"... Então ver-te-ei com os teus olhos e tu ver-me-ás com os meus." (J.L.Moreno)
Neste trecho de Jacob Levy Moreno, criador do Psicodrama, uma das linhas psicoterápicas, nos mostra como é se colocar no lugar do outro, também chamada de inversão de papéis. Esta capacidade de inverter os papéis é importante não apenas para a vida a dois , como para qualquer relacionamento. Percebemos como fica mais fácil se relacionar, quando percebemos a situação sob o ponto de vista da outra pessoa.
DESEJO DE SER INTEIRO: UMA JORNADA COMPARTILHADAOutro aspecto que envolve o casamento é o chamado romantismo, traduzido através daquele "frio na barriga", o "brilho nos olhos", aquela paixão que sempre renovada se transforma em uma "chama" que desejamos manter acesa.
O casal pode se permitir vivenciar momentos românticos de modo agradável e saudável.
No entanto o "romantismo" por si só pode não ser suficiente, pois preconiza a união de duas metades, em oposição a um casamento como um "vínculo transformador", onde verificamos uma aliança entre "duas pessoas inteiras", onde cada cônjuge apresenta sua identidade própria, tendo assim necessidade de se diferenciar dentro da relação.
Deste modo podemos considerar que o casamento pode vir a ser um caminho para a transformação pessoal, do casal e da familia, através de um relacionamento funcional diante dos desafios da realidade do dia a dia, onde uns se distinguam dos outros, onde haja "o encontro de pessoas inteiras".
Quando o casal quer transformar o relacionamento, algumas atitudes são mais indicadas:
- Favorecer o diálogo: o compartilhamento de idéias, de pontos de vista.
- Inversão de papéis: se colocar no lugar do outro
- Promover momentos "românticos" através de encontros semanais: um ou dois dias de namoro, um jantar a luz de velas, um cinema, uma caminhada juntos ou outro programa interessante.
- Gentilezas, cordialidades, gestos de carinho sempre que for possível:abrir a porta do carro, comprar o perfume que ele gosta, trazer flores no aniversário dela, etc..
- Abertura para falar sobre sexo, necessidades, desejos e fantasias de cada um.
- Ficar próximos em alguma atividade pelo menos 30 minutos por dia
- “Não deixar virar irmão.”: Que a convivência do dia a dia não desgaste o relacionamento entre homem e mulher.
- Se atualizar: acompanhar as descobertas de cada um: aquela pessoa que você conheceu quando começou a namorar se transforma a cada dia, é importante ambos se reconhecerem periodicamente
- Trocar informações sobre metas, sonhos e planos para o futuro.
“O que eu quero? Como estou? Para onde vou?” “O que você quer? Como você está? Para onde vai?” “O que queremos? Como estamos Para onde vamos”
- Conectar-se consigo mesmo: para estar bem com os outros é preciso estar bem consigo mesmo, se auto conhecer, desenvolver auto estima, auto respeito, se conectar:
“encontrar aquele lugar tranquilo dentro si, para assim estar plenamente com o outro.”
Neste ponto de vista o casamento não se resume em se buscar no outro uma parte que falta, mas despertar o desejo de ser completo, de ser inteiro, de ser pleno: uma jornada a ser compartilhada.
Ver além dos problemas, dos obstáculos, desvendar as possibilidades, as soluções, os recursos, as capacidades, as competências, as potencialidades, ampliando assim a percepção de si, do outro e da família como um todo.
Marcia Ap Falleiros Miranda
Psicóloga, Master em PNL, Consultora em RH e Coach, formação ICI - Integrated Coaching Institute
Psicoterapia individual, casal e familiar. Life Coaching e Executive Coaching.
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